Abertura Solene do Ano Académico 2022/23

Decorreu com solenidade a costumada Abertura Oficial do ano letivo da Universidade Sénior do Seixal. Ao Fórum Municipal acorreram muitos professores e alunos, menos do que o habitual, para em conjunto vivermos momentos de convívio, cultura, arte e boa disposição. Dignaram-se estar presentes representantes da Câmara Municipal, Juntas de Freguesia e movimento associativo.

A prof.ª Amélia Costa abriu a sessão com palavras significativas, depois dos agradecimentos iniciais, referindo objetivos da Unisseixal a que tantos acorrem para não estarem sozinhos, obter novas aprendizagens, conviverem. Mas até para isso é preciso desinstalar-nos das rotinas, dar valor ao presente, querer recomeçar… Leu um poema de José Saramago, cujo centenário de nascimento estamos a celebrar, em que ele afirma que “…é preciso recomeçar sempre a viagem!”.

A Reitora da Unisseixal, prof.ª Mariana Mareco, depois de cumprimentar e agradecer a presença de todos, congratulou-se com a pujança deste projeto, cada ano mais abrangente; em 2007, esta valência da Casa do Educador abriu com 230 alunos e 40 professores e todos os anos tem crescido em número de alunos, de professores e de disciplinas (à exceção do ano da pandemia). Este ano, estamos com 926 alunos inscritos, 98 professores e 147 turmas. Será que ainda chegamos aos 1000?! É verdade que temos um “edifício muito apelativo”, custeado totalmente pela Câmara Municipal e fomos considerados pela Rutis (Rede das Universidades da Terceira Idade) uma “universidade de excelência”. Para além das aulas semanais, dos encontros e visitas de estudo, é profícua a ligação à comunidade, pois os nossos grupos são muito solicitados pelas instituições locais, aonde vamos levar arte e saber.

Ainda agradeceu à Casa do Educador, aos professores, ao Senado, à Câmara e Juntas de freguesia todo o apoio prestado e levou toda a assistência a saudar com palmas os professores falecidos.

O Presidente da Casa do Educador, prof. Jaime Ribeiro, lembrou os 20 anos que a CES está a celebrar - anos com muitas realizações, e acentuou o valor da Unisseixal “democrática”, onde todos somos iguais (sem distinção de fatos ou funções tidas antes!) e sobretudo onde cada um escolhe as disciplinas que quer, de acordo com os sonhos pessoais. Mas responder às necessidades de 1000 pessoas é tarefa de uma grande empresa. Assim ele enfatizou o trabalho contínuo e anónimo de muitos voluntários, a começar pelos corpos diretivos, que possibilitam o funcionamento desta universidade. Os processos continuam a renovar-se para gerir este enorme espaço, onde no ano anterior não houve nenhum acidente, felizmente.

A D. Conceição Ribeiro, em nome da Junta de Freguesia de Seixal, Arrentela e Paio Pires saudou a grande relevância da Unisseixal para muitos seniores do concelho, desejou a todos um excelente ano letivo e renovou o gosto das Juntas de Freguesia em apoiar-nos.

A Vereadora da Cultura, Liliana Cunha, lembrou a assinatura do contrato de comodato feito em Maio de 2020 com a Casa do Educador para lhe e ntregar o antigo Grémio da Lavoura no Fogueteiro, com a renovação completa do espaço, a expensas da Autarquia, onde hoje se encontra a Unisseixal, “uma referência importante no concelho”. Elogiou os professores que continuam a dedicar o seu tempo a ensinar, promovendo o envelhecimento ativo e ajudando os seniores a viverem em pleno o seu desenvolvimento pessoal, combatendo a exclusão. Fez ainda votos de excelente ano académico.

Finalmente, coube o uso da palavra à Dr.ª Madalena Mendes numa ilustre Oração de Sapiência, em linguagem acessível e agradável, com o título «José Saramago - o homem multiplicado». Enfatizou assim o centenário do nosso Prémio Nobel, que estamos a celebrar. A oradora percorreu as diversas fases da sua vida, desde a Azinhaga do Ribatejo até à ilha de Lanzarote, foi-se referindo às múltiplas funções exercidas pelo escritor e destacou a múltipla produção literária de Saramago ao longo da vida, obra que hoje está publicada em mais de 60 países e cujo centenário se celebra com muitas publicações, roteiros e até uma ópera (Blimunda) no S. Carlos.

Ele passou por muitas atividades para sobreviver, até um dia depender apenas da escrita de livros. Enumerou cada um dos livros, destacando alguns pormenores curiosos. Disse ela que os livros de Saramago são para serem lidos em voz alta (por isso, o narrador oral não precisa de pontuação!), que as personagens são gente que não entra nos livros de história, que ele faz perguntas para conscientizar o leitor (“tudo no mundo está dando respostas. O que demora é o tempo das perguntas”, diz ele).

Perdoem se não digo mais, mas aqueles minutos com a oradora foram preciosos!

Na segunda parte da sessão, foi muito relaxante a música que o dueto de Ana Tomás e Ricardo Fonseca nos ofereceram. Moldando cantares da Beira e do Alentejo ao seu estilo, deliciaram o auditório com uma voz melodiosa, muito lírica, a que todos aderiram espontaneamente.

AH

Dueto de Ana Tomás e Ricardo Fonseca