No âmbito da Cadeira de História de Portugal, ministrada na Universidade Sénior do Seixal, ano académico 2017/18, realizou-se no passado dia 15 de Maio, uma visita de estudo a vários monumentos situados na cidade de Coimbra, todos de relevante interesse histórico e cultural na formação de Portugal.

A organização da visita, esteve sob a orientação da Senhora Professora Alda Correia, membro da Direção da Unisseixal e da Docente da Cadeira Senhora professora Austiclina Oliveira, carinhosamente tratada por “Professora Lina”, cuja disponibilidade e envolvimento permitiram que todos os momentos da viagem decorressem com grande normalidade, com a constante participação de todos durante as visitas, mas também com grande alegria nos momentos mais descontraídos.

A viagem até Coimbra decorreu em ambiente de grande euforia, deixando antever um dia muito feliz e positivo. Também serviu para integrar dentro do mesmo espírito um ou outro colega mais reservado e ainda com direito a pausa para o café.

Primeiro ponto da visita: Universidade de Coimbra. No Paço das Escolas, antigo Paço Real da Alcáçova, fomos recebidos pela Sra. Dra. Catarina Freire, guia interprete daquela Universidade, que após breve apresentação, nos explicou o decurso da visita e com apoio de equipamento auditivo nos guiou por salas, corredores e demais locais, entregando-se com verdadeira paixão à explicação e importância histórica e cultural de cada espaço, todos relevantes mas, darei ênfase somente a alguns por não ser propósito deste guião da visita, que se pretende sintético.

Fundada em 1290, pelo Rei D. Dinis, inicialmente instalada em Lisboa, numa zona onde hoje se julga próximo do Largo da Carmo, fixou-se definitivamente em Coimbra no ano de 1537, por Documente Régio de D. João III. É das mais antigas Universidades do Mundo ainda a lecionar.

Frente à Faculdade de Medicina encontra-se a Estátua do Fundador da Universidade, enquanto no Paço das Escola sobressai a Torre da Universidade cuja construção ocorreu entre 1728 e 1733, símbolo tradicional da cidade de Coimbra. O relógio e os sinos existentes na mesma, ainda hoje continuam a marcar o tempo da vida académica, bem como a ser indicador desse tempo para muitos dos habitantes da Cidade. Ao lado da Torre o Portal da Capela de S. Miguel, também conhecida por Capela das Rainhas. A visita continuou pela Sala dos Capelos, possivelmente um dos espaços mais importantes e cheios de simbolismo na história de Portugal, na cidade de Coimbra e na sua Universidade. Antiga Sala do Rei ou Sala do Trono do Paço Real da Alcáçova. A Alcáçova foi também residência de todos os Monarcas Portugueses da Primeira Dinastia, 1143-1383, local onde D. João I foi aclamado Rei de Portugal. Hoje não há monarcas, mas a Sala continua revestida de importância e simbolismo. Ali, decorrem as mais significativas cerimónias, as teses de Doutoramento com os seus rituais próprios, Sessões Solenes do início do Ano Académico e outras.

Segundo ponto da visita: Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra ou nome alternativo Igreja de Santa Cruz. Fundado em 1131, por religiosos que adotaram a regra da Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. Dos fundadores, menciono S. Teotónio, primeiro Prior do Mosteiro e primeiro Santo de Portugal. A sua fundação teve o incondicional apoio de D. Afonso Henriques, atitude continuada pelo seu filho D. Sancho I.

O Mosteiro sempre beneficiou de grandes privilégios régios. Com grande acervo documental foi uma das melhores escolas do Portugal medieval. Um dos seus alunos foi Fernando Martins de Bulhões, mais tarde Santo António de Lisboa.

A fachada ainda mostra elementos do estilo Românico, torre central avançada com portal encimado por um janelão. Contudo, no reinado de D. Manuel I, foram efetuadas grandes alterações de arquitectura. Foi introduzida uma nova arte tumular, predominando assim o estilo Manuelino.

Na Capela-mor estão os túmulos de D.Afonso Henriques e seu filho D.Sancho I, transladados do interior da mesma Igreja, por decisão de D. Manuel I por considerar mais digno o novo espaço.

Da Sala do Capítulo, faz parte a Capela de S. Teotónio, onde se encontram os restos mortais do citado fundador do Convento. No coro Alto da Capela, existe um magnifico cadeiral esculpido em madeira e dourado. É do estilo Manuelino e dos poucos existentes no nosso País. Verdadeiramente magníficos são o órgão e a Capela do Tesouro com peças sacras trabalhadas em prata de grande beleza e fino trabalho de artífice. O Claustro ao estilo manuelino, construção entre 1517 e 1522, bem como a sua Fonte Central, construída no tempo da ocupação Filipina “União Dinástica”, com o seu belo jardim, é certamente a imagem ideal para se terminar este momento.

Terceiro ponto da visita: Mosteiro de Santa Clara-a-Nova ou conhecido como Igreja da Rainha Santa Isabel. Em 1283, é concluída a construção do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, na margem do Rio Mondego, na Cidade de Coimbra. Sendo de imediato entregue às freiras Clarissas, tendo como a sua mais nobre protectora Isabel de Aragão, Rainha consorte, esposa do Monarca Português D. Dinis. Contudo, a construção muito cedo começou a apresentar graves problemas devidos às cheias do rio. Apesar de várias obras reconstrutivas, a situação agravou-se, pelo que em meados do XVII, começa a construção de um novo mosteiro numa parte mais elevada da Cidade. Tal construção, só ficou definitivamente concluída em finais do sec. XVIII. Mas, em 1677, recebe as freiras clarissas e as relíquias da Rainha Santa Isabel, que, por vontade própria havia sido sepultada no Mosteiro de Santa Clara. Este novo espaço passou a designar-se por Mosteiro de Santa Clara-a-Nova.

Monumento riquíssimo em detalhes arquitetónicos típicos do maneirismo. A igreja contém variadíssimas estruturas em talha dourada como os catorze retábulos. No coro alto existe um longo cadeiral, várias peças litúrgicas e culturais, sendo de realçar o bordão incrustado num receptáculo em prata, oferecido à Rainha pelo Arcebispo de Santiago de Compostela. Na capela-mor existem várias telas retratando alguns momentos da vida da Rainha Santa e representações dos quatro Evangelhos, Mateus, Marcos, Lucas e João.

Contudo, a expensas do Bispo de Coimbra, D. Afonso Castelo Branco, o maior símbolo do Mosteiro, encontra-se no altar-mor, o túmulo em prata com um óculo em cristal, contendo o corpo incorrupto da Rainha Santa Isabel, falecida no dia 4 de Julho de 1336. Beatificada em 15 de Abril de 1516, pelo Papa Leão X e canonizada em 25 de Maio de 1625, pelo Papa Urbano VIII.

O regresso decorreu em verdadeiro espírito de amizade, um pouco fatigados mas com o sentido geral de que todos estávamos um pouco mais “ricos”.

Turma de História de Portugal da professora Austiclina Oliveira

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