Buçaco, Luso, Curia – Uma Visita de Estudo da turma de Património Histórico e Natural, pela região da Bairrada.
A Bairrada, sub-região natural na Região Centro de Portugal (Beira Litoral), é caracterizada essencialmente pela forte produção vitivinícola – sendo famosos os espumantes naturais do tipo “Champagne” – e pelo afamado Leitão Assado à Bairrada.
Mas, os objectivos principais desta nossa Visita de Estudo, efectuada no passado dia 23 de Maio, eram outros:
- A Mata Nacional do Buçaco e o percurso pedestre da Via Sacra.
- Visitar as Caves Aliança / Aliança Underground Museum, em Sangalhos.
O percurso pedestre.
Cruz Alta, o ponto mais alto da Serra do Buçaco, a 547 m de altitude, de cujo miradouro podemos observar, com bom tempo, uma bonita paisagem e desfrutar de uma vista sobre o manto verde da Mata do Buçaco. Foi a partir deste ponto que iniciámos o percurso descendente da Via Sacra em direção ao Luso, ou seja, partimos do fim da Via Sacra para o princípio para amenizar a dificuldade que esta tarefa nos ia exigir. Mesmo assim, não foi fácil fazer a caminhada, atendendo à sinuosidade do caminho, à sua acentuada inclinação e à irregularidade dos muitos degraus e das pedras que os compõem.
Contudo valeu a pena o esforço dispendido para percorrer estes caminhos, que rasgavam uma mata exuberante, com espécies vegetais de todos os cantos do mundo, e com muito do património construído pela Ordem dos Carmelitas Descalços em Portugal, durante um pouco mais de 2 séculos.
A Via Sacra do Buçaco, com cerca de 3 kms, é marcada por 20 pequenas capelas, os chamados Passos da Via Sacra, contruídos a partir de 1694, dedicadas a episódios da condenação e crucificação de Jesus Cristo. Antes desta data, as estações eram simplesmente representadas por uma cruz de madeira com um letreiro explicativo. O primeiro Passo é o Passo do Horto (onde Jesus Cristo orou e foi confortado pelo anjo), e o último Passo é o Passo do Sepulcro (onde está representado o episódio da deposição do corpo de Jesus Cristo no Santo Sepulcro).
Foi confrangedor verificar que grande parte dos grupos de figuras em cerâmica que compõem o interior das capelas foram vandalizados e se encontram num elevado estado de degradação.
A Mata Nacional do Buçaco, área protegida e Monumento Nacional desde !943, foi plantada pela Ordem dos Carmelitas Descalços, a partir de 1628, e possui espécies de todo o mundo, importadas pela Ordem, incluíndo o célebre Cedro-do-Buçaco. Tem cerca de 400 espécies nativas e cerca de 300 espécies de outros climas. Muitas destas espécies foram identificadas e explicadas pelo nosso Prof. Manuel Lima, o nosso guia nesta aventura. O Cedro de S. José, plantado à 350 anos pelos monges, junto à porta com o mesmo nome, é o símbolo local desta imponente espécie de árvore.
A Mata do Buçaco está classificada como um dos melhores arboretos da Europa.

No final da Via Sacra, efectuámos uma paragem para admirar o magnífico Palácio Real, o último legado dos reis de Portugal, e o que resta do Convento do Buçaco, antes de continuarmos a caminhada em direção ao Luso, onde nos aguardava o autocarro para nos levar para o local do almoço.

O Palácio do Buçaco
Enquadrado com a Mata do Buçaco, surge o Palácio Real mandado construir pela família Real Portuguesa em finais do século XIX, como um palácio de Verão, no local do Convento da Mata do Buçaco. Projetado pelo arquiteto italiano Luigi Manini, e com intervenção de outros arquitetos, a construção só terminou em 1907, 3 anos anos antes da implantação da República. Em 1910 o Palácio foi convertido em hotel de luxo, o Palace Hotel do Buçaco.
O Palácio está classificado como Imóvel de Interesse Público, desde 1996, e o hotel nele instalado está considerado como um dos mais belos hoteis históricos do mundo.

O Convento de Santa Cruz do Buçaco
Construído entre 1628 e 1630 pela Ordem Dos Carmelitas Descalços, que o ocupou e o fez prosperar até 1834, data da extinção das ordens religiosas masculinas. Nesta data, todo o património existente passou para a posse do Estado.
Em 1810, durante a terceira invasão francesa, o general inglês Wellington e o seu estado maior ficaram alojados no convento, ocupando as celas dos frades.
A construção do Palácio Real, em finais do século XIX, implicou a destruição parcial do convento para dar lugar a novas construções. Ficaram o claustro, uma capela e algumas das antigas celas, que podem ser visitadas.
Depois, descemos a escadaria da Fonte Fria, cuja água proveniente de uma nascente da montanha desce pelos 144 degraus, e fomos ao encontro do autocarro que nos esperava no Luso.

O nosso almoço foi em Sangalhos, no restaurante da Estalagem de Sangalhos, almoço tipo buffet que, penso, deixou toda a gente satisfeita. Foi um bom almoço.
Seguimos para as Caves Aliança.

Visita às Caves Aliança / Aliança Underground Museum
É um museu das Caves Aliança – Vinhos de Portugal, em Sangalhos, o primeiro museu subterrâneo em Portugal, onde a arte e o vinho estão em perfeita combinação. Abriu ao público em 24 de Abril de 2010 e no seu espaço expositivo tem coleções de Berardo que versam diversas áreas:
- Coleção arqueológica
- Arte etnográfica Africana
- Escultura contemporânea do Zimbabué
- Coleção de minerais
- Cerâmica das Caldas
- Azulejos
- Coleção de Estanho
- Paleontologia
As coleções estão expostas nas salas e nos túneis das Caves Aliança, ao longo de 1.5 km, onde também estagiam espumantes, vinhos e aguardentes.
Numa Sala de exposições, está a exposição fotográfica intitulada India – Mito. Sensualidade e Ficção, que tivemos a oportunidade de visitar.
Valeu a pena visitar este interessante museu.
No final tivemos uma prova de vinho espumante e de uma sangria produzida nestas caves.

Como o tempo o permitiu, parámos na Curia, para um pequeno passeio pelos jardins do Parque da Curia, o qual faz parte do complexo turístico que engloba o Hotel das Termas da Curia, as Termas, o Spa e o Campo de Golf, antes de regressarmos à Amora.
Chegámos já de noite, cansados mas com a satisfação de termos adquirido mais conhecimentos.

Texto de  Carlos Neves

 

 

Fotos de Carlos Neves e José Capelo